terça-feira, 8 de dezembro de 2020

08 de Dezembro de 1980, o dia em que o sonho acabou!

Há 40 anos atrás, nesse mesmo dia, uma das maiores mentes pensantes do século 20 era assassinado por um louco. Era como se o mundo desabasse sobre todos nós. O sonho tinha morrido!

Meu primeiro contato com os Beatles foi com um compacto simples que eu tinha ganho de meu meio-irmão. E eu o tocava naquela minha vitrolinha a todo momento. Não sabia que eles já tinham se separado anos antes, mas suas canções eram cativantes e até hoje influenciam muitos jovens. Eles são referências para qualquer um que está na área musical, especialmente para aqueles que realmente são roqueiros e é inadmissível alguém entrar nesse meio sem conhecê-los.

Hoje após 40 anos, eles ainda são líderes em vendas no mundo. Eles continuam sendo um fenômeno musical. Sim, estou falando dos Beatles, e o compacto simples que ganhei trazia as canções Let it be e You know my name. E com o passar do tempo, acabei descobrindo quem era a verdadeira cabeça da banda, o revolucionário por assim dizer, John Lennon!

Apesar da maioria das canções terem a assinatura Lennon/McCartney, dava claramente para perceber quem realmente escrevia cada música. Paul McCartney era mais pop, com canções bem mais leves, românticas e digestíveis. As canções de John Lennon eram mais ácidas, revolucionárias, e continham uma certa dose de amargura pela vida difícil que ele tinha levado (seus pais o abandonaram, ele morou com a tia). E vi em Lennon, simplesmente o cara!

Na época em que eu comecei a curtir os Beatles, John Lennon estava no seu jejum musical de 5 anos. Em 1975, ele decidiu abandonar sua carreira para poder acompanhar o crescimento do seu filho Sean, com a sua 2ª mulher, Yoko Ono(para muitos fãs, a principal causadora da separação da banda no fim dos anos 60). Um detalhe, ele já tinha um filho, do primeiro casamento, lá pela metade dos anos 60. Há também uma teoria de que esse retiro musical se deu ao fato de que John era um cara perseguido pela CIA, suas canções de protesto (especialmente contra a guerra do Vietnam) lhe rendeu muita dor de cabeça nos EUA, e ele não queria ser deportado.

Em 1980, eu trabalhava numa padaria, como ajudante (ou seja, um escravo). Não existia a internet, portanto as notícias não chegavam ao mesmo tempo, mas quando soube o lançamento de Double Fantasy, em novembro, não tive dúvidas, primeiro viriam os compactos simples e duplos, depois o LP propriamente dito. A principal música de trabalho, Just Like Starting Over falava de um renascimento, de um começar de novo, e com a volta de Lennon no cenário musical, crescia também a especulação da possível volta dos Beatles. Eu era só alegria e felicidade. Meu ídolo estava de volta. Encomendei tudo que ia ser lançado, tinha gasto toda a minha grana.

O dia 08 de dezembro transcorreu tranquilo, fui dormir por volta das 22h, pois tinha que acordar bem cedo no outro dia (para trabalhar, é claro!). Nem imaginava que nessa noite algo trágico estava acontecendo.

Somente no dia seguinte, 09 de dezembro, acabei tomando conhecimento da tragédia ao chegar às 5 da matina na padaria, e vi atrás do caixa um jornal, devia ser o Jornal da Tarde, com a primeira página estampando a morte de John Lennon, aquele fundo preto no jornal me entorpeceu. Fiquei ali parado, estático, sem conseguir pronunciar nada, com os olhos cheios de lágrimas. Fui para o fundo da padaria e longe de todos acabei chorando muito, dava murros na parede feito um louco. Não conseguia acreditar que um mongolóide, um traste, havia tirado a vida do meu ídolo máximo.

E eu não acreditava mesmo. Cheguei em casa, após as 14h, e colocava em todos os canais da TV, e lá estava o fato trágico. Era verdade, John Lennon tinha sido baleado por um cara que lhe tinha pedido um autógrafo próximo ao pédio em que morava. E aí eu cai na real, que o sonho tinha acabado.

O resto do dia foi péssimo, não sai da cama, fiquei ouvindo os discos dos Beatles e os do John lennon repetidamente. Parecia que o mundo havia desabado em cima da minha cabeça.

Hoje, 40 anos após a sua morte, lembro do passado e fica uma pontinha de tristeza. Sabendo que outro cara igual como ele, tanto em atitude quanto em pensamento, não mais haverá.




quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Uma volta ao passado

E de repente, salto da cama naquela ansiedade porque estava atrasado para o trabalho. Não tinha ouvido o despertador nem o toque do celular. Mas ao levantar percebi algo estranho. Não era o meu quarto, nem a minha cama e eu parecia menor do que tudo...

Por incrível que pareça, lá estava eu com de volta com os meus 13 anos e na casa por onde vivi boa parte da minha infância e adolescência. E lá estava a minha mãe fazendo o café para o meu padrasto que estava se aprontando para ir trabalhar. Eu tinha voltado no tempo, pelo menos a minha consciência. Um menino com a mente de um adulto cinquentão.

Levou um tempo para clarear as idéias e perceber que tudo aquilo era real. A tarde iria para a escola e eu reveria os amigos que há muito não mantinha contato, além dos professores que me marcaram nessa época.

Ao passar uma semana, percebi que não tinha volta. A volta no tempo parecia ser irreversível. Eu tinha recebido uma segunda chance. Não cometer os mesmos erros de outrora e viver do jeito que eu tinha imaginado, sem o medo que permeou em toda a minha vida. Não fazer coisas dos quais eu me arrependia. Seguir a carreira que só fui perceber que era a tal depois de velho, e passar longe de tudo que eu tinha feito na vida, mas principalmente uma coisa eu coloquei em primeiro lugar... Impedir o assassinato de John Lennon!

via Dorgas on Fire!
Mas como fazer isso? Como entrar contato numa época sem computadores, smartphones e as redes sociais? Só me restavam as boas e velhas cartas. Da minha vida prévia, eu sabia qual seria o endereço que Lennon iria morar com a Yoko em Nova Iorque. Então eu deveria esperar o momento certo para começar a me corresponder.

Mas será que Lennon iria me levar a sério? Eu não poderia entrar em contato e dizer que eu era do futuro e que tinha voltado ao passado, então apelei para aquilo que mais odeio na humanidade, como eu sabia o que iria ocorrer nos próximos 50 anos, eu me travesti de um sensitivo ou espírita. Um moleque que podia ter premonições.

E mandei a primeira carta em 78, mas sem mencionar previsão nenhuma. Apenas uma carta de um fã, para um ídolo que vinha marcando a minha vida desde que comecei a gostar de rock. Quando eu tinha uns 8 anos, eu fui presenteado com um compacto simples dos Beatles com a músicas “Let it Be/You know my name” e desde então vinha comprando (isto é, meus pais compravam) vinis dos Beatles e de John Lennon na carreira solo. Para quem não sabe, em 1975, John Lennon gravou seu último trabalho fazendo cover de músicas antigas que o inspiraram em sua carreia musical, e se retirou do cenário para viver com a família, e especialmente com o seu segundo filho, acompanhar o seu crescimento, coisa que não tinha tinha feito com o primeiro lá nos anos 60, com a sua primeira esposa.

Bem, para a minha surpresa, Lennon respondeu a minha primeira carta, ficando impressionado com o meu inglês. Eu não esperava que logo na primeira ele fosse atencioso comigo e assim, o relacionamento foi sendo construído até que eu comecei a alertá-lo para tomar cuidado com os fãs. Isso foi no final de 1979, quando ele já tinha me confidenciado que iria voltar a ativa, e me prometeu que eu receberia o novo álbum “Double Fantasy” assinado por ele em primeira mão.
Mencionei a ele o nome de Mark Chapman, que nas minhas supostas visões era um ser totalmente desequilibrado e que planejava fazer algo terrível, e pedi para que ele tomasse cuidado ao voltar para seu apartamento e desconfiasse de qualquer pessoa que o tivesse seguindo. Como a gente tinha construído um relacionamento de confiança, John acreditou em mim e entrou em contato com o departamento de policia da cidade, para averiguar a pessoa em questão.

Algum tempo depois, John escreveu dizendo que realmente existia essa pessoa e que ela planejava assassinar várias outras celebridades, inclusive ele que estava no topo da lista. Chapman disse aos policiais que ouvia vozes dizendo que Lennon era um traidor pois blasfemava contra Deus dizendo-se maior que Jesus Cristo (Isso aconteceu na época dos Beatles). Em outras vezes, Chapman dizia que se matasse uma celebridade, ele iria ganhar notoriedade e ficar famoso.

Mais tarde, Chapman foi encontrado morto. Ele tinha se enforcado em sua casa, pois não lhe restava mais nada para viver. Eu havia salvado a vida do meu ídolo!

Em 1982, ele veio ao Brasil e fez muita questão em me conhecer e fui de graça ao show no Ibirapuera. Fiquei no camarim e recebi dele de presente a sua guitarra, entre outras coisas. A imprensa na época não sabia o porquê da atenção do cantor para um reles brasileiro, pois há tempos tinha pedido para John não mencionar para ninguém essa minha “premonição”, pois não queria ser visto como um santo ou coisa pior. Mesmo assim, eu meio que virei celebridade também.

Fiz minha carreira na área da informática e fiz parte de toda a revolução tecnológica dos anos 80 e 90. E sempre que ia para os EUA, a trabalho ou lazer, John fazia questão de que me hospedasse na casa dele, Yoko me adorava e tornei-me um grande amigo de seu filho Sean. Em 1996, toquei guitarra em duas músicas e na segunda passagem no Brasil, por volta de 2000, acompanhei a tour de Lennon e sua banda nos cinco shows. Foi maravilhoso estar ao lado do meu ídolo máximo, e por dentro, satisfeito por ter feito a coisa certa.

Nessa segunda chance que recebi na vida, vivi satisfatoriamente, cometi erros e acertos, mas foi a vida que eu sempre quis.

Estou me aproximando da idade em que deixei de viver na outra linha de tempo. Só espero que não haja outro reboot! Cansa ter que fazer tudo de novo!!! Mas se for para salvar a vida de John Lennon, farei quantas vezes forem possíveis!

domingo, 22 de julho de 2012

As maquinações do Universo ou Qual o problema em se divertir?

Enquanto isso, numa dimensão muito, mas muito superior à nossa...


O Universo estava entediado. Seu sedentarismo já o estava inflacionando e ele percebeu que deveria fazer alguma coisa, algo para se divertir, e além do mais, ele já estava cansado de seus companheiros e de suas manias.
A Eternidade o pegou divagando em pensamentos...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Temporalidades traiçoeiras

Quando aceitei este emprego, disseram-me que eu deveria ter a responsabilidade que eu nunca tive em toda a minha vida. Este emprego seria uma como uma compensação por tudo que tinha acontecido comigo no decorrer de todos os anos. Eles tinham reconhecido o erro cometido e tentaram recompensar...


domingo, 8 de maio de 2011

Mais uma carta para minha mãe!

Olá, mãe. Sou eu de novo. Aqui estou, mal-humorado, depressivo como sempre, num domingo onde eu deveria estar feliz pelas minhas lembranças que tenho de ti. Mas infelizmente, o que realmente tenho é muita raiva e decepção.




domingo, 12 de dezembro de 2010

Um papo muito estranho

Encontrei a Sandra quase que por acaso. Eu tinha ido ao banco para pagar algumas contas, e na saída do mesmo comecei a observar algumas calças em promoção das lojas. E eu como sempre desastrado caminhando pela rua, acabei trombando nela.

domingo, 8 de agosto de 2010

Uma carta para o meu pai

Bom dia, meu pai, que nunca conheci, que nunca vi e nem sei se você ainda existe. Falam muito de você, que tenho seu jeito, seu nariz, mas nunca recebi uma só mensagem de ti, pelo menos para dizer “Como vai meu filho?”, poderia até ser indiretamente, por outra pessoa, mas que desse o ar da graça. Que mostrasse interesse.

Você pode imaginar como é uma criança estar ao lado de seus coleguinhas, vendo seus pais os segurando, abraçando, dando aquele tipo de carinho a qual nunca tive? De acompanhar seus primeiros passos, sua primeira palavra dita, da queda inevitável de uma bicicleta, da formação da sua personalidade, da primeira briga, da primeira namorada...Pois é... Você nunca participou desses momentos, você nunca esteve lá quando eu mais precisava! Você simplesmente se foi... E eu sempre estava te esperando!

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